30.3.10

passei quatro horas lendo um livro ontem - Viagem ao crepúculo - de Samarone Lima.

Hoje eu acordei com uma coisa na cabeça. E ela continuou durante todo o dia.

"... E frio dá tanta fome..."

Puta que pariu que merda de mundo.

Surpresa

Voltando pro meu presídio verde-musgo, depois de comer muito mal. Uma e meia da tarde, sol a pino. Abuso. Sem vontade de ter falar com outros, qualquer pessoa, sem vontade de sorrir pros outros na rua, sem vontade de dar boa tarde ao gordinho porteiro, sem vontade de nada.
Eis que surge uma surpresa, meio que um flashback "E no meio de tanta gente eu encontrei você, entre tanta gente chata sem nenhum coração.." (Sic, eu realmente nunca decoro músicas com a letra certa, mas canto muito)
O cenário:Uma parada de ônibus com algum ser sofrido esperando por um transporte público precário, do outro lado uma construção barulhenta, carros passado, enfim tudo irritante (O abuso estava realmente grande).
A cena: Em uma pracinha mal cuidada atrás da parada de ônibus está sentado um mendigo hippie, com seus enormes dreads e falta de dentes. Trintão, já sofreu muito, mas sorriu pra mim. Nas mãos um objeto incomum - um violino. Tocando devagar, curtindo a música.
-Tá quebrado, né?
Ele aponta pra corda faltando. Rindo, disse: -Né.
Curtindo a música do seu violino sem uma corda.
Dei um tchau pra ele e fotografei o momento na mente.
Não, eu não esqueci do abuso - ele apenas ficou de lado pela simples e simpática apresentação do mendigo.

24.2.10

Coexistência.

Acredito que para atingir o grau de plenitude na vida, o nirvana, o estado em que estamos totalmente em sintonia com nossa mente, com nosso corpo, com nossa alma, com tudo que nos transcede, para estar em sintonia com todos os outros à nossa volta, inclusive com tudo aquilo que eles carregam, sentimentos, percepções, movimentos...
nós precisamos de um estado natural.
O estado da essência e equilíbrio.
São duas palavras, duas definições coexistentes.
Você só consegue chegar a sua pura essência, no que tens de melhor, quando atinge o equilíbrio consigo mesmo e com o resto do mundo.
E esse equilíbrio pessoal e interpessoal só é possível para pessoas que compreendem toda a sua própia essência.
Compreendê-la é sair do mundo, é preciso sair de dentro de esteriótipos, de normalidade estabelecida.
É preciso ir fundo. É preciso conhecer quem é você como homem, como uma alma no meio de tantas outras.
é ter noção de suas fraquezas e limites.
É ser sem limites!
É ter noção de sua capacidade.
Capacidade de ser, de realizar, de transformar a realidade.
É necessário o auto-conhecimento.

Estando nesse estado pleno - de essência e equilíbrio -
seu caminho no mundo será natural.
É possível praticar a auto-mutação.
Sabendo sua essência, você poderá mudar como, sempre que quiser. O necessário é mantê-la. É manter sua essência que te diferencia de todos os outros.
Você não precisará mais ser. Você pode estar.
Não se preocupe em ser.
Sua consciência necessita ir fundo dentro do seu estado naquele natural naquele momento. Analise-o. Eu estou feliz? Eu estou normal?
Adquirindo consciência de como você está verdadeiramente, você poderá se adaptar.
Naturalmente, adapta o que está certo e o que não está dentro de você.
Assim, poderá mais uma vez mudar. Alcançar outro estado.
O equilíbrio é um estado. Ele não é imutável, preso, extremo, sólido.
A perda de equilíbrio é necessária para o crescimento.
É preciso se desequilibrar - para não se resignar, acomodar, adequar.
Podemos ser melhores. E a consciência da possibilidade vem da necessidade que sentimos.
Sinto-me necessitada.

um transtorno ou uma alta habilidade?

“Dizer que esses indivíduos não prestam atenção em nada não reflete, na verdade, como eles funcionam. Seria melhor dizer que são pessoas que prestam atenção em tudo e, em conseqüência disso, não conseguem se concentrar em nada.” (SCHWARTZMAN, 2008, p. 11)

23.2.10

folhas soltas

"Qual é o teu maior sonho?"
Quais são meus maiores sonhos. Uma mente inquieta nunca está e nunca vai estar no singular. É sempre no plural. Leia e aprenda.
Paz. Não, nada de paz mundial.
Paz pra alma. Paz na alma.
Como encontrá-la?
Equilíbrio.
E se sou desequilibrada?
Vai além de síndromes, de identidade, de pesquisas. Vai além de letras,parágrafos e estudos.
Pra quem aprecia, vai além da biologia, da física, da química...
é a falta de química na minha parte mais importante.
A mente. Ela é travessa, um crepúsculo muito pior do que o livro.
Ela te consome.
Quem pensa demais não vive.
Ou vive?
Tô viva.
Se estar viva é amar, eu estou. Mentes insanas são capazes de amar.
Faço parte do clube.
O clube das mentes inquietas.Pertubadas.Vivas.Vívidas.
Mentes que não param de pensar em querer ser, de destruir e reconstruir-se.
Mentes hiperativas, mentes anormais...
Você também faz parte?
Descobri uma dessas dentro de mim.

duas lembranças

Tu sabe o que é saudade? Sabe nada.
Saudade só se sente, não cabe em palavras...

"Ó Formas alvas, brancas, Formas claras

De luares, de neves, de neblinas!...

Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...

Incensos dos turíbulos das aras...

Formas do Amor, constelarmente puras,

De Virgens e de Santas vaporosas...

Brilhos errantes, mádidas frescuras

E dolências de lírios e de rosas...

Indefiníveis músicas supremas,

Harmonias da Cor e do Perfume...

Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,

Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...

Visões, salmos e cânticos serenos,

Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...

Dormências de volúpicos venenos

Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...

Infinitos espíritos dispersos,

Inefáveis, edênicos, aéreos,

Fecundai o Mistério destes versos

Com a chama ideal de todos os mistérios.

Do Sonho as mais azuis diafaneidades

Que fuljam, que na Estrofe se levantem

E as emoções, todas as castidades

Da alma do Verso, pelos versos cantem.

Que o pólen de ouro dos mais finos astros

Fecunde e inflame a rima clara e ardente...

Que brilhe a correção dos alabastros

Sonoramente, luminosamente.

Forças originais, essência, graça

De carnes de mulher, delicadezas...

Todo esse eflúvio que por ondas passa

Do Éter nas róseas e áureas correntezas...

Cristais diluídos de clarões alacres,

Desejos, vibrações, ânsias, alentos,

Fulvas vitórias, triunfamentos acres,

Os mais estranhos estremecimentos...

Flores negras do tédio e flores vagas

De amores vãos, tantálicos, doentios...

Fundas vermelhidões de velhas chagas

Em sangue, abertas, escorrendo em rios...

Tudo! vivo e nervoso e quente e forte,

Nos turbilhões quiméricos do Sonho,

Passe, cantando, ante o perfil medonho

E o tropel cabalístico da Morte..."


Depois do salmo, vem Cruz e Sousa



"











"




Com Cruz e Sousa, vem a porra da saudade.

ESSÊNCIA | s . f.

O que constitui o ser;
O que há de mais puro e suptil;
Extrato;
O mais íntimo de seu pensamento;
Consciência;
Substância;
Existência;
Caráter distintivo.


Eu pertenço a uma única palavra.